12 de maio de 2010

Silêncio


Como é viver mudo, sendo falante,
Num mundo em que todos colaboram
Com vozes de todos os tons?

Como é ficar calado, junto a maquinações de pensamentos,
Onde inquietações
Imploram suas descobertas?

Como é não poder manifestar
A quem está ao seu lado,
Com grande clareza, um sentimento único?

É assim:
Como se um esconderijo fosse encontrado.
Quando alguém procura na expressão de sua voz
Uma satisfação.

Satisfação involuntária.
Existente apenas pelo fato de ser própria
Dessa pessoa...

Sei que existe gente que não fala
Porque já nasceu assim.

E outros que não falam
Porque a vida os formou dessa maneira.

Infelizmente,
A vida tem dessas coisas...

Mas também pode ser:
Como se existisse um silenciador de ideias,
De gritos que gostariam florescer em sinal de despertamento interno,
Um moderador de reflexões.

Viver em silêncio
É uma sensação exclusiva.
Como se todos existissem,
Menos o alguém que está desprovido do bem com que nasceu.

Exclusão da liberdade...
Liberdade encontrada nas letras.
Na pronúncia de cada palavra.
De simples palavras que revelam exatidões do coração.

E ao se esgotar as forças desse momentâneo mudo,
De repente fechar os olhos, numa inesperada intenção de piscar.
E imaginar que tudo passou...

E ao abrir,
Tentar pronunciar uma única e simples palavra.
E perceber que som ainda não havia...

Mas que a mentalidade maquinaria,
Ainda existia...
E permitia a sobrevivência do ser.

9 de maio de 2010

Parte de ti, mãe


Mãe,
Que me carregou por um bom tempo
Em teu ventre.

Que se alegrou
Ao perceber minha presença
Em teu interior.

Mãe,
Que não pensou mais de uma vez
Em espalhar a noticia
De uma nova vida que chegaria ao mundo.

E uma vida especial,
Puramente por surgir de tuas entranhas...

Mãe,
Que teve prazer nas dores do parto.
Que chorava de alegria pelo esforço que fazia
A permitir minha entrada em tua cadeia de alegrias.

Minha mãe,
Você que me prendeu em teu carinho.
E com cuidado,
Fez-me conhecer teu universo.

Foi a partir dele
Que eu tomei meus próprios passos.
Da cautela de teu coração
Me firmei em terra firme.

E da moleza de teu amor,
Aprendi a caminhar pelos mais maleáveis caminhos.

Mãe, minha mãe,
Você que tanto se preocupa comigo.
Que sempre vê a mim como parte de ti.

Em tuas inquietações
Encontrei uma paz...

E nessa paz,
Descanso minh'alma.
Como quando me relaxo por completo
No teu colo aconchegante.

Genitora de minha vida,
Te sou eternamente grato,
Pois forjou-me o que sou.

E sou o que sou
Porque existe o amor...

Porque sinto o que tu és
Pelo que vejo em teu esplendor.

Entre eu e eu


Quantas vezes já me percebi
Pensando exaustivamente...

No calar de minha voz
Aprofundando-me em diálogos tão extensos...

Fazendo-me perguntas coerentes
Com o viver a minha vida.
E formulando respostas
Que perdurariam por longos anos.

Mas que um dia
Alcançariam fins inesperados.
Ou não...
Premeditados...

Porque a mente humana
Não é capaz de solucionar a todos os problemas
Que se referem ao próprio ser humano.

Ou mais...
Referentes à vida.

E me surge uma pergunta,
Para mim bastante intrigante:

Por que motivo pensar tanto comigo mesmo,
Se a vida que me cerca não é absolutamente minha?

Eu sei,
Que um pedacinho de toda a vida que há no mundo
Me é compartilhado...

E é por isso que estou aqui como homem.
Porque me foi permitido nascer racional.

- Mas para quê a racionalidade?

Talvez para que possa expressar
Sentimentos comuns aos de meu Irmão mais velho,
A quem tenho prazeroso amor e total respeito.

Também, quem sabe,
Para colaborar com a vida de outrem
De uma maneira mais objetiva...

Mas, ao me fazer perguntas como a última,
Sinto-me sem pés nem cabeça.

Portanto,
Se minha mente me indaga tanto,
As respostas mais
Convincentes, coerentes, contundentes, conclusivas,

... Estão muito além de minha própria imaginação.
São criações de quem me subistém.
Obrigado pela honrosa visita!
Saudações.
mss